terça-feira, 18 de outubro de 2011

VOLTEI AO 'FURO DO MIGUELÃO"


Começo estas mal traçadas linhas  com uma foto do "Furo do Miguelão". Esse canal que tem uma estória muito interessante, tornou-se um atrativo turístico não só por sua estória, mas também por sua beleza. O "furo" era simplesmente um caminho por onde navegavam os nativos que iam e vinham das fazendas para a Cidade e vice-versa, como forma reduzir distancia. Mas, tomando conhecimento da estória desse "furo" curiosamente, contratei um pequeno barco e fui  ver como era. Realmente, o que vi foi simplesmente fantástico. No primeiro momento, tive a sensação de estar entrando num túnel formado pela copa das frondosas arvores de mangues, ciriubeiras e outras espécies. Como navegava num barco "po po po", para que pudesse sentir a natureza  em todo seu esplendor, mandei parar o barco. Então, pude ver toda a exuberância do local. Primeiro, um silencio, onde só se podia ouvir o "barulho do silêncio" que nada mais era que o canto dos pássaros, o farfalhar das folhas embaladas pelo vento e, completando, uma sensação de paz incrivel... E o cenário? Outra coisa quase indescritivel. As aguas do rio Paracauary adentrando o "furo" de forma calma e serena, transrfomavam-se num espelho a refletir a sombra das arvores que mostravam suas raizes expostas e, por vezes, entrelaçadas, num emaranhado dessas  raizes, formando um cenário sensacional, sob a luz dos raios do sol que furava o tunel de arvoredo.
Tudo o que  via, não podia ser guardado pura e  simplesmente. Tinha que ser mostrado. Daí, então, veio a idéia de levar nossos turistas a conhecer o "Furo do Miguelão". Esse fato, transformou o "furo" em um atrativo turístico, hoje conhecido nacional e internacionalmente. 
Mas que estória interessante é esta que chamou minha atenção? A estória que ouvi de algumas pessoas é mais ou menos assim:
"Veio para Marajó, precisamente para Soure, um libanes chamado Miguel Calil Mussi (ou Mussi Calil) que, por sua robusta compleição física, foi apelidade pelos nativos de "Miguelão" o qual,  como quase todo libanês, era comerciante. Ele vendia os produtos das fazendas na Cidade e as mercadorias da Cidade vendia nas fazendas. Esse  tipo de comerciante era chamado  na época de "mascate". Acontece que ele  utilizava para navegar no Rio Paracauary um tipo de canoa ou batelão, que, por não haver naquele tempo motorização, era propulsionada a remo - remo de faia - colocado na popa da embrcação. Naturalmente que a viagem se tornava demorada e penosa. Então ele teria começado a pensar numa forma de reduzir distancia e começou a observar os igarapés à margem do Rio Paracauary e encontrou duas entradas pelo lado de Salvaterra, equidistante, uma da outra, mas que poderiam ser interligadas, justamente na formação de uma curva. Verificada a possibilidade dessa interligação o sr. Miguel reuniu alguns homens e, com terçados, machados e outros materiais cortantes escavou um trecho que permitiu a união dos dois igarapés. Como se sabe,  igarapé é um pequeno braço de rio que não tem saida, ele pára em um determinado ponto. Difere do canal que liga dois pontos do rio ou de dois rios. Neste  caso, o "furo" ou canal liga o mesmo rio.Feita a ligação dos dois igarapés esse canal passou a ser navegavel e, consequentemente, diminuiu a distancia do percurso- cidade-fazenda-cidade. O "Furo do Miguelão", em toda sua extensão, tem cerca de 1500 metros, dos quais, cavados, tem mais ou menos 600 metros. Detalhe interessante- esse "furo" só é navegavel de maré cheia
Pois bem, agora vem outra estória. - contam também, que certa noite ao navegar pelo "furo" em sua embarcação que lavava à frente uma luminária (farol ou candeeiro) o empregado do sr. Miguel viu,  na frente da embarcação, duas luzes que brilhavam  intensamente. Eram os olhos da "cobra grande" que refletiam na luz do farol na  frente da embarcação. Assustado, o empregado gritou: "seu Miguel, olhe a cobra grande". E o seu Miguel teria apanhado seu "trabuco" (uma arma) e atirado numa das luzes que era o olho da  "cobra grande".a qual deu um grande mergulho e desapareceu  nas aguas.
Ha também, uma outra versão de que o Senhor Miguel teria feito o "furo" para não passar mais pelo Rio São Macário com medo da cobra grande a quem ja havia atirado.
Estou contando esta estória, porque depois de quase tres anos sem passar  pelo "Furo do Miguelão" tive o prazer de voltar  a usufruir dessa beleza natural. Abaixo estou num caiaque navegando de "Volta ao  Furo do Miguelão".

 
Estou amarrando o caiaque numa raiz de mangue
Veja esta foto - Poderia ser o "X" do Furo do Miguelão. Mas eu chamo de o "Arco do Triunfo do Miguelão"

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