Lembro-me quando ainda era garoto e morava em Belém, ouvia vendedores gritando pelas ruas de meu bairro do Marco: “caranguejo, caranguejão de Soure!”. E o tempo passou... Vim morar em Soure, nos idos de 1972 e constatei que, realmente, caranguejo grande, era o de Soure. Porém, o que eu não sabia era que, o que poderia ser um título honroso estaria sendo o inicio do fim uma espécie de crustáceo. Sim, o que outrora fora o caranguejão de Soure, hoje não passa de caranguejinho, para não se dizer “sarará”. É uma pena que as providencias tomadas – há bem pouco tempo - pelos órgãos envolvidos com o meio ambiente, no sentido de coibir a captura desordenada do caranguejo, tenham sido de forma incorreta. Como a captura do caranguejo tornou-se uma atividade econômica, foi criado o “defeso”, para não prejudicar o caranguejeiro. Claro ele precisa viver. “Defeso” é o período em que o caranguejo sai de suas tocas, anda pelo manguezal, acontece o acasalamento e, naturalmente, daí, a procriação,. No período do “defeso” fica proibida a captura do caranguejo. Até aí, tudo bem. O interessante, é que se orientou o caranguejeiro, a não capturar a fêmea do caranguejo, ou melhor, a “condurua”. Entretanto, entendemos que o “defeso” deveria ser por um período muito mais longo ao invés dos poucos dias em que o caranguejo “anda”. Deveria ser proibido, mesmo, a captura do macho e da fêmea. Conversando com um caranguejeiro ele me falava: “do que vale deixarem a fêmea (condurua), se não tem macho”. Então é hora de se fazer uma reflexão sobre o assunto, de modo se possa impedir o extermínio desse crustáceo, que ainda tem contra si, além do predador homem, a própria natureza que enche os manguezais de areia.
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